sábado, 14 de agosto de 2010

As visitas

Seus irmãos foram muito atenciosos, ligavam sempre e procuravam vê-lo com frequência. Mas a vida tinha que continuar para todos. Todos tinham seus compromissos.
Quanto aos amigos, minhas filhas e eu fomos responsáveis pelo sumiço deles.
O João estava muito confuso, não dizia coisa com coisa. No meio das conversas, que na verdade ele nunca participava, só olhava, ele falava coisas fora do contexto, dormia,confundia as pessoas.
Achamos que não deveríamos expô-lo.Era como se na verdade estivéssemos escondendo-o.Precisávamos zelar pela imagem dele.Quem o visse diria que ele jamais se recuperaria.
Tivemos medo que ele virasse objeto de curiosidade dos "amigos".Queríamos evitar que ficassem comentando sobre ele com piedade e se referissem a ele como um amigo do passado.
Ele tem um sócio, que continuava trabalhando.Nunca escondemos dele a real situação. Inclusive, ele era o único que tinha "passe livre" para vê-lo.
Se se comentasse na nossa cidade, tão pequena e rica de fofocas, do seu estado, ele perderia todos seus pacientes.
Numa certa vez, antes mesmo de aparecer o tumor, do nada, saiu um boato que ele tinha morrido. Chegaram até mesmo a comparecer no suposto velório!!!!!
Numa outra situação disseram que ele estava nos Estados Unidos se tratando de um câncer! chegaram até a dizer para o sócio dele que o viram numa maca
no Hospital do Câncer de Barretos!
Tudo que fizemos foi para poupá-lo. Não entenderam.
Mas , quando ele voltou, ele já estava preparado para isso. Ninguém o viu naquele estado.

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