quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E para o cuidador, nada?... e o cuidador ,o que é o qué?

Hoje é um dia que eu não deveria estar escrevendo. Mas senti falta disso.
Minha filha mais velha disse que o blog não é uma terapia.Acho que ela está certa.Mas eu preciso conversar, e principalmente torcer para que eu seja lida pelos profissionais da área da saúde,que eles saibam como é a vida atras do "palco".
Muitas vezes me pergunto se quem trata do paciente imagina como é a vida dele.Claro que NÓS (me incluo também) não podemos nos envolver emocionalmente com cada caso,porque não poderíamos trabalhar com objetividade.
Mas, e pensar só um pouquinho PODE?
A expectativa de cada atendimento é tão grande, o medo da verdade, a ansiedade é tão devastadora... e quando o momento chega, passa tão depressa.Tudo o que gostaríamos de perguntar foge da cabeça. A vontade de desabafar foge.
Algumas palavras, um sorriso e até a próxima.
E nós cuidadores? que direito temos? podemos chorar, reagir, deixarmo-nos levar pela emoção?podemos ter medo pelo paciente e pelo nosso futuro?
E o direito de nos aborrecer, ficarmos chateados, indignados, ofendidos...
Temos o direito de desanimarmos?de sentir que tudo está muito pesado,embora amemos intensamente o nosso paciente?
Podemos nos sentir pessimistas de vez em quando? e egoistas?
Chorar , só escondido.Dar e dar,dar sempre.
Quem cuida de nós?dormir até mais tarde, entregar-se ao cansaço, não ouvir, não falar, não responder. E por causa de tudo isso, não ser julgado como fraco, omisso, sem fé, sem esperança, sem piedade. Não imaginarem que não nos colocamos no lugar do paciente, que não imaginamos que um dia poderia sermos nós, cuidadores, naquela situação.
Bobagem minha.Já passou.
Estou bem de novo.

2 comentários:

  1. Oi VAN,
    Ontém, após ter escrito o comentário, tive vontade de ligar para a cunhada para perguntar a
    ela "QUEM ESTAVA TE DANDO APOIO (SEGURANDO A "BARRA"); e você, hoje, faz este post, respondendo e afirmando o que eu imaginava...
    Sinto muito se a machuquei com meu comentário; mas é que em 1991, quando o mano adoeceu, não me
    faltou coragem e não me faltou amor... mas, me faltou sabedoria quando eu ouvi a todos aqueles
    "PROFISSIONAIS DA SAÚDE", batendo em meus ombros
    e dizendo: "...vá se preparando, pois este é um
    caminho sem volta...AIDS NÃO TEM CURA!!!!"
    E só tinha EU para cuidar dele, pois mamãe, na época sofreu um AVC.
    Mas eu, UM CACO, DESPEDAÇADA, SEM ESPERANÇA ...
    não o abandonei até seu último suspiro.
    HOJE, com a SABEDORIA que a vida tem me dado, faria para ele uma alimentação sem lacticíneos, sem glúten e à base frutas.
    LUZ PARA TODOS NÓS !!!!!!

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  2. Vânia

    É muito normal os cuidadores sentirem assim. O cansaço, ter que dar conta de tudo, não é fácil. Aqui onde faço tratamento tem auxílio para os cuidadores tb, psicólogas os atendem para poder ajudá-los a cuidar do portador de câncer. Meu marido e meu filho não quiseram ir, mas sinto tb que eles ficam cansados, ficaram doentes com gripe e as vezes sinto que eles não querem falar sobre a doença. Mas sei que eles não são de ferro, tem medo de me perder, ainda mais que já passamos por muitas perdas. Minha mãe morreu ano passado de cancer e tb perdi m inha filha há alguns anos atrás. Procure ajuda de um psicólogo, vai te ajudar a digerir melhor tudo isso. Fica com Deus! Bjsssssssss

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